sexta-feira, 16 de março de 2012

Até mais.

Via Tumblr

- Eu não sei o que irei fazer da vida. 
Danilo diz isso a Magnólia e sorri. Perplexa ela olha para ele e fica confusa.
- Nunca parou para pensar que suas atitudes hoje demonstram seu amanhã?
- Vish! Você é adepta dos clichês? Se for assim, vou embora, hein...
- Eu não sou. Apenas disse uma verdade. Mas tudo bem. (Risos). Pode ir. Sei me virá sozinha.
Danilo olha para Magnólia e se depara com um sorriso muito misterioso e bonito no rosto da garota de vinte anos a sua frente. 
- É assim que responde os novos amigos? 
- É ASSIM que eu respondo quem eu quiser.
Dez segundos de silêncios e dois caíram na risada. Não se conheciam direito, mas sabiam que a amizade duraria muito tempo.
- E então? Esse jogo de dama sai ou sai? Eu me desloquei do meu prédio para cá só para isso. Mag Mag Mag.... ♪
- Por que está me chamando de Mag? 
- Seus amigos te chamam assim, não? 
- Sim, chamam. Mas meus amigos mais ousados. Odeio esse apelido.
- Então se acostume. Vou te chamar assim sempre. A não ser que eu esteja bravo demais com você e ao invés de falar Magnólia demonstre minha fúria de leão.
Magnólia piscou por um segundo e caiu no chão de tanto rir. Magnólia poderia até ficar brava, mas medo dele ela não tinha. Na verdade, não tinha medo de ninguém. 
- Ah tá. Vai leãozinho. Demonstra. Você não sabe do que eu sou capaz. 
Por um minuto Danilo pensou e disse para si mesmo: "Eu realmente não sei, mas gostaria de saber." Sorriu e se sentou na grama do lugar próprio para lazer na cidade que viviam.
- Eu não vou sentar na grama. Ela me deixa com coceira. Levante-se, por favor. Eu trouxe uma toalha. 
- Trouxe comida também? Tô morto de fome. 
- Eu não! Você não almoça esperando que eu traga uma cesta de piquenique! Eu disse que iria trazer apenas a dama. Agora se vire aê.
- Ai ai ai! Vou ali comprar algo. Quer alguma coisa, senhorita? 
- Não, obrigada. Se eu quiser, compro água mais tarde. 
- Então tá.
Horas se passaram e os dois não desistiam do desempate.
- Eu sempre fui boa nisso. Como assim eu estou empatada com você?
- Eu disse que não era tão bom e você caiu. Mas não entendo como eu estou empatado?
- Lá vem...
- Lá vem o que, velho? 
- Esse jogo é a maior treta da terra. Tem algo errado aqui.
- Como errado? Só tem a gente aqui. As pessoas estão se agarrando. Trasando no mato enquanto a noite surge, mas estamos jogando essa miséria aqui que não saiu do 4 a 4. 
Se fosse outra pessoa olharia com uma cara assustada ou sairia gritando, mas Mag riu e continuou rindo quando se deparou com sua vitória.
- Oops. Venci.
- Que? Isso não pode estar acontecendo. Que merda. É treta.
- Treta na casa da mãe...
- Deixa minha mãe quieta, rapaz.
- Sou uma moça, cara. E o mato é logo ali.
Mag fez com cara de malícia e Danilo começou a rir um tanto nervoso. Mas logo percebeu que era apenas uma brincadeira. 
- É, né. Vamos antes que os mosquitos apareçam. 
- O que as pessoas vão pensar? Que somos...
- Loucos ou pervertidos, mas acho melhor que fiquem achando que somos loucos, porque se passar uma menina linda por aqui e ouvir isso, adeus chances. 
- Ah é? Espera... HEY, HEY, ESSE MENINO AQUI TÁ QUERENDO...
Antes que ela falasse algo, ele a puxou para o chão de volta e segurou sua boca.
- Meu, eu sabia que você era doida, mas fazer isso...Tá querendo morrer? 
- Não, mas estou mostrando que aqui, querido, a coisa não tá fácil.
Riram de novo. Fizeram isso toda tarde.
[...]
- Anoiteceu. Acho melhor eu ir.
- Você é uma menina, por acaso?
- Não curto ninguém... (suspirou)...implicando quando eu chego.
Danilo fez cara de desapontamento, mas entendeu.
- Eu te acompanho até o ponto. Onde você mora?
- Lá na Eco vila. E você?
- No canteiro.... é perto para dizer o contrário.. Ou seja, ponto contrário.
Começou a rir do nada.
- Eu....me diverti. Muito. Espero que a gente possa fazer mais.... (pensou e não sabia o que dizer)
- Fazer essas coisas idiotas que nos deixam mais vivos. Eu sei. Até mais, então.
- Até. Até. (Mag sorria)
Se olharam e foram para lados opostos. Cada uma morava do outra lado da cidade e a viagem seria um tanto chata. A partir daquela tarde, sabiam que seriam assim até quando um dos dois cedesse ao que os dois já sentiam desde o 'é treta'. Mal sabiam que a treta na verdade era o que eles estavam fazendo com o coração negando o que já passava a existir.

quinta-feira, 8 de março de 2012

A carta que ela nunca mandou.

Eis que revisto a minha caixinha de lembranças dos anos vividos por mim com muita timidez e alegria. 5 anos de casamento. Há 5 anos me mudei para a casa do meu namorado e ex-colega de faculdade, Rodrigo. É engraçado. Lembro dele com aquelas conversinhas de quem não quer nada. Foi hilário na época. Era tão tímida e de repente estava frente a frente com alguém que não imaginava um dia ter ao meu lado, não por me achar feia ou coisa do tipo, mas por medo. Medo de ser feliz. Ele, mais velho que eu dois anos, sempre foi espontâneo. Divertido, sincero, inteligente e amigo. Não. Não tem nada de romântico, por mais que tente ser. Já desistimos dessa ideia. Vamos ficar no companheirismo e no sexo, que por sinal juntos fazemos muito bem. Ele é diferente de todos que já vi, acho que por isso que eu o amo. Ele nunca veio com palavras doces e promessas, ao contrário. Veio com a verdade. Disse como era e o que queria. Nessa época criamos uma amizade que andava lentamente. A gente parecia não ter nada a ver, mas tínhamos muito. Bandas, livros e opiniões divergiam, mas quando a gente se deparava com algo, eramos iguais e nisso a gente tinha sempre uma história bem parecida para contar. Eu gostava dele. Tinha uma quedinha das grandes, sabe? Mas acho que a amizade foi maior, principalmente quando ele me viu pela primeira vez e chorando. Ele não recuou como imaginei que seria. Ele se sentou ao meu lado e me abraçou demonstrando que iria passar, que ficaria bem. Ele dizia que não me entendia, mas entendia melhor do que ninguém. Eu queria contar meu sentimento. Não queria ser amiga, mas vi no momento não queria perder o amigo. No meu desespero em plena amizade, escrevi uma carta que não enderecei. Guardei na minha caixa e só agora abri para demonstrar que eu ainda era insegura e que as coisas talvez não fossem tão boas como são hoje. Vou ler para ele. Ele não acredita que eu fiz isso. Que eu escrevi uma carta, coisa que ninguém mais faz hoje em dia. Ele está sorrindo. Acho que teria gostado da ideia na época.

Rodrigo,

Você surgiu de repente na minha timeline. Achei bonito. Achei legal o que você escrevia. Achei interessante o que você tinha a dizer. Você é engraçado e acho que as pessoas só permanecem na minha vida quando elas me fazem rir. Caso contrário, eu as deixo partir. Péssima mania. Você diz que não se acha engraçado, se acha feio, se acha sem graça. Engraçado. Eu te acho bem bonito do jeito que você é, mas suas qualidades, mesmo que os defeitos sejam barra pesada, te engradecem. Você é tão diferente. Não tem conversa mole, você é especial. Pena que não me veja dessa forma. É difícil dizer algo para você. Você me deixa ansiosa, com vontade de viver mais a vida. De fazer alguma loucura. Você me deixa com vontade de ser feliz. Eu não sei a razão, eu tento ser legal para que você me note, mas parece que não vai sair disso. Fico meio triste, mas ao mesmo tempo feliz, porque você nunca me prometeu nada. Gosto dos seus conselhos, gosto como você vê as coisas e as explica. Gosto como você não faz questão de agradar e como não esconde o que pensa. Podem te odiar, mas eu, por incrível que pareça, gosto de você. Não sei como, mas é de um jeito diferente. De um jeito que eu não me sinto ansiosa, insegura ou com medo. Eu me sinto tão eu. Eu tenho coragem para dizer o que sinto, se gosto ou não, mas não estou tendo coragem para dizer o que sinto por você. Eu queria te dizer: "- Vai, me beija." Mas não é tão simples assim. As coisas não são como elas querem ser. São como são e acho que entre a gente não vai ser diferente. A amizade aparenta crescer e o sentimento diminuir. Gostaria que você encontrasse alguém legal, que te ame e te faça bem. Gostaria que essa pessoa fosse eu, mas acho que você não pensa assim. Seja lá o que você quer, espero que encontre. Espero que dê tudo certo para você e que você fique mais feliz do que já é. E rico para viajar e curti a vida como você almeja. Eu tinha que te dizer, mas não sabia como começar. Agora já disse. Se quiser me excluir da sua vida, tudo bem. Eu faço isso com muita gente o tempo todo, mas estarei com minha consciência limpa, pois tentei. Seja feliz, meu querido. Boa sorte na sua vida. 

Beijos e se cuida,

Amanda.



Sabe, Amanda. Eu achei você legal, louca, mas legal de início. Sabia que você não era mais uma. Fico feliz que tenha ficado bem bêbada na festa da Marília, que tenha me beijado de uma forma avassaladora e que tenha me dito exatamente o que tem ai. Uma carta seria legal, mas atitude foi o que contou. Lembro que você vomitou, tomou um café, dormiu, acordou, lavou o rosto e veio falar comigo com esses olhinhos perigosos. Que olhos. Olhou para mim e disse que estava tudo bem se eu não quisesse olhar mais na sua cara. Foi ai que eu quis mais, mais e mais. O que não era para existir acabou acontecendo e depois de sete anos, resolvemos nos unir.Eu te achava maluca, complicada, mas vi que com você iria além. Obrigada por me contar. Obrigada por insistir. Estava achando que o mundo me deixaria sozinho nessa. Eu não sei a razão, mas eu acabei me apaixonando por você e quando vi que não poderia ter mais você em minha vida, vi que te amava. Eu te amo, talvez seja essa o problema e a razão. Não sei se vai durar para sempre, mas espero apenas que dure. Amanda, ainda bem que você está aqui.
[...] 

Ele sorriu e se aproximou. Ele me beijou, como fazia todos os dias. Ele me beijou como se fosse a primeira e a última vez. Assim a gente vivia. Assim a gente foi construindo um sentimento. Assim a gente foi construindo o amor. Ainda bem que não mandei a carta. Ainda bem que no meio da minha loucura resolvi dizer. Transformei o sentimento não existente dele em algo concreto e aqui estamos sentados na nossa cama sorrindo um para o outro como se fosse o começo e o fim da nossa história.